segunda-feira, 6 de julho de 2009

Peleja entre Téo Azevedo e Andraci

Repente em desafio
Quadrão Soletrado
Martelo agalopado
Galope beira mar
Trocado em desafio

Versos de Andraci


Vou brigar com Andraci
E ele vai brigar comigo
E depois da grande briga
Ele será meu amigo
A briga começa agora
Deixando ele em perigo

Você vai brigar comigo
E vai perder na questão
Cabra do nariz comprido
Deixe de alteração
Vou entrar na sua boca
E sair no seu coração

Deixe de mal criação
Venha lá como quiser
Pise no chão devagar
Bem na pontinha do pé
Eu nunca temi a um homem
Quanto mais a uma mulher

Não me chame de mulher
Tenha mais educação
Mulher é a tua mãe
O teu pai e teu irmão
Você ou corre ou apanha
Deixe de alteração

Cantador sem cotação
Desta sua qualidade
Que não respeita ninguém
E não tem capacidade
Deveria estar preso
Ou numa maternidade

Você não tem qualidade
Cantando desta maneira
Nasceste para fazer vergonha
A família brasileira
Pife do diabo tocar
Cantador de gafieira

Sou cantador de primeira
Em qualquer parte do mundo
Você é um poetaço
Desonesto e vagabundo
Parece até um fantasma
Que nasceu em outro mundo

Já nasci em outros mundos
Você também já nasceu
Já sofri em outros mundos
Você também já sofreu
Já morri em outros mundos
Você também já morreu

Onde você viveu
Só arranjou inimizade
E nesse que você vive
Nunca tem tranqüilidade
Cada um plantando colhe
A semente da verdade

Não quero me aprofundar
Sobre a reencarnação
Você está contratado
Para cantar mal criação
Você ou corre ou apanha
Desista da profissão

Na voz bruta do sertão
Serei o teu professor
Você é um aprendiz
Para mim não tem valor
No cenário musical
Sou o teu superior

Quem nasceu para ser cantor
Tem valor na profissão
Quem nasceu para ser violeiro
Morre com a viola na mão
Aprendiz será você
Que vive de exploração

Se eu fosse teu irmão
Explorava a todo mundo
Tenho personalidade
Sou um artista profundo
E não serei como você
Seu artista vagabundo

Pegue a reta vá embora
Que você vai apanhar
Vou quebrar sua vida
Vou te botar um azar
Deixo você arrasado
Para nunca mais aprumar

Não acredito em azar
E nem em feitiçaria
Tenho confiança em Deus
E na Santa Virgem Maria
Você é bom lá no Norte
Aqui só tem covardia

O meu pão de cada dia
Ganho com facilidade
Nunca gostei de mentira
Sempre falei a verdade
Nunca respeitei poeta
Dessa tua qualidade

Você só tem falsidade
Invejoso e descarado
Poeta tirando é
Um nome já consagrado
E esse será o seu
Pode ficar conformado

Você já foi processado
Nesta capital paulista
Levou uma grande pizza
Em Vitória da Conquista
E hoje vai levar outra
De um cantador repentista

Melhor que você desista
Seu contador atrevido
Sua cara é de mulher,
Que já deixou o marido
Desta vez você encontra
Munheca no pé do ouvido

Não me chame de atrevido
Seu canalha, seu canalha
Você vai correr relinchando
Carregando uma cangalha
Terá que pastar na vida
Comendo capim ou palha

Enfrento qualquer batalha,
Se você quiser brigar
Seu respeitado por todos
Estou em primeiro lugar
Já pode dar de pinote
Se não quiser apanhar

Agora vamos cantar
Noutro estilo diferente
Um quadrão soletrado
Que o nordestino sente
Faça o baião na viola
E já pode seguir na frente

Com P escrevo presente
Com V escrevo Vicente
Com C escrevo Clemente
Com S escrevo Sansão
Com J escrevo João
Com F escrevo Francisco
Com C escrevo Corisco
Com Q escrevo quadrão

Com R escrevo risco
Com A escrevo arrisco
Com D escrevo disco
Com C escrevo canção
Com B escrevo baião
Com V escrevo viola
Com G escrevo gaiola
Com Q escrevo quadrão

Com C escrevo cola
Com B escrevo bola
Com E escrevo escola
Com L escrevo lição
Com N escrevo nação
Com B escrevo Brasil
Com F escrevo fuzil
Com Q escrevo quadrão

Com G escrevo Gentil
Com um M escrevo mil
Com A escrevo abril
Com P escrevo prisão
Com R escrevo razão
Com D escrevo direito
Com F escrevo feito
Com Q escrevo quadrão

Com J escrevo jeito
Com R escrevo respeito
Com S escrevo sujeito
Com L escrevo ladrão
Com P escrevo padrão
Com A escrevo amizade
Com B escrevo bondade
Com Q escrevo quadrão

Com N escrevo novidade
Com V escrevo vaidade
Com C escrevo cidade
Com M escrevo mansão
Com S escrevo Sansão
Com C escrevo Camila
Com D escrevo Dalila
Com Q escrevo quadrão

Com V escrevo vila
Com M escrevo mochila
Com F escrevo fila
Com P escrevo patrão
Com A escrevo atenção
Com um Z escrevo zero
Com B escrevo bolero
Com Q escrevo quadrão

Agora vamos cantar
Em martelo agalopado
Já estou bem prevenido
Se você está preparado
Já pode seguir na frente
Cantando com mais agrado

Companheiro você está enganado
Cantador desta sua qualidade
Para mim nunca tem prosperidade
Passa fome e só vive atrapalhado
Eu sou forte sou mesmo mal criado
Não cresça que você vai correr
Aqui você tem que padecer
Respeitando um cantador repentista
E quem chama esta praga de artista
Está passando da hora de morrer

Aqui você tem que aprender
Dividir, somar e multiplicar
Ainda tem que aprender a cantar
E depois eu lhe ensino a escrever
Ou apanha ou então tem que correr
Vai cair na esquina na calçada
Depois eu dou-lhe uma botinada
Desta vez você pode até morrer
Esta peste para mim não vale nada
É tão ruim que nem aprendeu a ler

No lugar que você for cantador
O macaco vai ser radialista
O burro vai ser repentista
O cavalo vai ser compositor
O cachorro será seu professor
Que você nunca passa de aprendiz
Abre a boca não sabe o que diz
Nunca teve e nem tem educação
Hoje aqui vou lhe dar um bofetão
Que você cai e arrebenta o seu nariz

Este cabra só tem mal criação
Ruindade tamanha e cara feia
Já puxou doze anos de cadeia
E saiu com o nome de ladrão
Levou choque até no coração
Apanhou que ficou esmorecido
O pai dele ficou muito sentido
Até hoje é um pobre vagabundo
A mãe dele partiu para outro mundo
Para não ver este cara perseguido

Lá no norte o teu pai é conhecido
Inimigo de todas as vizinhas
Quando via aos poleiros das galinhas
Deixa o dono bastante aborrecido
Você pensa que já estou esquecido
De um porca que ele me roubou
Uma dívida que nunca me pagou
E você cuidado, muito cuidado,
Que seu pai está todo arrebentado
De uma pizza danada que levou

Este bobo não tem educação
Ou apanha ou desiste de cantar
Ou respeita um poeta popular
Ou daqui vai sair para prisão
A polícia está de prontidão
Que você está sendo procurado
Cantador vigarista descarado
Descarado cantador vigarista
Você hoje respeite um repentista
E se correr tem que morrer fuzilado

Se daqui eu sair aprisionado
Você vai parar no cemitério
Cadeia para mim não é mistério
Porque lá já estive bem guardado
E por todos já fui considerado
Não sem estar comigo, seu banana
Você foi preso em Feira de Santana
Até hoje o teu nome está fixado
Hoje aqui se você entrar em cana
Vai morrer ou apanhar do delegado

Vamos deixar o martelo agalopado
Para cantar um galope beira mar
Você pise no chão bem devagar
Que o trabalho via ser muito pesado
Você para mim está cansado
E não vai agüentar o meu rojão
É melhor desistir da profissão
Que você nasceu para bater carteira
Ou então trabalhar a gafieira
E ser puxa-saco do patrão

Esse bicho chegou lá em Copacabana
Dizendo que era um bom repentista
Namorou baiana, namorou paulista
Namorou paulista, namorou baiana
Tomava cachaça, comia banana
Comprou uma câmara daquelas de ar
Dizia: é agora que vou me banhar
Deitava na água, tomava sorvete
A polícia chegou, desceu e cacete
Levou ele preso da beira do mar

É sua mentira cantor atrevido
Para cantar galope já estou preparado
É de lado é de frente é de frente é de lado
É de frente é de lado é de frente
E no quente e no frio e no quente
Sou bom repentista nasci para cantar
A sua viola vai desafinar
A minha vida está bem afinada
E você comigo não topa parada
Cantando galope na beira do mar

É na mão, é no dedo, é no dedo, é na mão
É no dedo, é na mão, é na mão, é no dedo
É no medo, é no susto, é no susto, é no medo
É no pão, é na mesa, é na massa, é no pão
Ajeite a viola e segure o baião
Porque eu estou em primeiro lugar
Ou você me respeita ou vai apanhar
Cantador ruim da cabeça chata
Você hoje ou corre ou leva chibata
Cantando galope na beira do mar

Em Copacabana é de doer na vista
Vi cada mocinha deitada na areia
E outras cantando mais do que sereia
Pode ser nortista, pode ser sulista
Tem velho que fica doente da vista
Dizendo é agora que vou namorar
Garota bonita eu quero casar
Ela beija ele e ele beija ela
E depois do banho ou casa com ela
Ou com o pai dela na beira do mar

Chegou uma velha na beira da praia
Tirou o vestido e ficou de camisola
Ela tomava banho, ela jogava bola
Deitava na areia o povo dava vaia
Chegou um velhinho quase que desmaia
E disse é agora que vou me banhar
Com aquela velha irei me casar
A velha gritava pedindo socorro
O velho dizia: Desta vez eu morro
No banho gostoso da beira do mar

Chegou a polícia e deu voz de prisão
Dizendo: Velhão, você se comporta
O velho dizia: Eu sou vida torta
É aqui é na rua é na detenção
Comigo é no tiro, é na faca, é na mão
Eu sou respeitado em primeiro lugar
Minha namorada ninguém vai levar
Desta vez agora já vou em cana
Eu sai de lá faz uma semana
E vocês me perseguem na beira do mar

Velho descarado sem educação
Falou um soldado naquele momento
O velho pulava mais do que jumento
E dava cabeçada com disposição
A velha entrou de navalha na mão
Dizendo é agora que vou começar
Dava navalhada mesmo para matar
A polícia correu para não morrer
O velho gritava: Eu sou para valer
No banho gostoso da beira do mar

Chegou um moreno de um metro e noventa
Tirou logo a calça com disposição
Tirou a camisa ficou de calção
Uma carioca de um metro e oitenta
Beijava na boca e mordia na venta
Dizendo: Meu filho, vamos se banhar
Ele dizia eu quero sambar
Ela dançava, a areia cobria
O moreno cantava, chorava e gemia
No banho gostoso da beira do mar

Você para mim nunca foi repentista
Você para mim nunca foi violeiro
Não passa de um pobre cantor de banheiro
Lhe ou um conselho; é melhor que desista
Quero lhe avisar que você não insista
Você não insista quero lhe avisar
Sou bom violeiro nasci para cantar
Hoje quero ver se você é valente
Cantando um trocado daqueles bem quentes
Deixando o galope na beira do mar

Dou a frente pelo lado
Troco o lado pela frente
Troco o quente pelo frio
E não dou o frio no quente
Dou o louco pela louca
Troco o dente pela boca
Dou a boca pelo dente

Já estou ficando quente
Troco quem vem por quem vai
Eu dou quem sai por quem entra
Troco quem entra em quem sai
Dou você numa perua
Troco minha mãe na sua
E de volta lhe dou meu pai

Desse jeito assim não vai
Eu não sou de sua raça
Dou a praça pela vila
Troco a vila pela praça
Você vai cair no jogo
Dou a fumaça no fogo
Troco o fogo na fumaça

Dou o gin pela cachaça
E troco a cachaça no gin
Dou o ruim pelo bom
Troco o bom pelo ruim
Dou a tinta no papel
Troco Caim por Abel
E não dou Abel por Caim

Dou a barata no cupim
Troco o cupim na barata
Dou a gata pelo gato
Troco o gato pela gata
Dou a rata pelo rato
Dou a pata pelo pato
E troco o pato pela pata

Dou a cela na chibata
Troco a chibata na cela
Dou a tabela na conta
Troco a conta na tabela
Você vai virar presunto
Dou a vela no defunto
Troco o defunto na vela

Dou o cinema na tela
Troco a tela no cinema
Dou o tema pelo mote
E troco mote pelo tema
Dou o velho pelo novo
Troco a gema pelo ovo
Dou o ovo pela gema

Dou Joana em Iracema
Troco Iracema em Joana
Dou Suzana por Tereza
Troco Tereza com Suzana
Dou Francisca por Luzia
Sebastiana em Maria
Maria em Sebastiana

Troco Elizabete em Ana
Dou Ana em Elizabete
Dou Ivonete em Ivone
Troco Ivone em Ivonete
Dou Marinete em Ana
Luzinete em Adriana
Adriana em Luzinete

Troco Simone em Elizete
Dou Elizete em Celina
Troco Marina por Márcia
Dou Márcia por Carolina
Troco Andréa em Iara
Troco Angélica em Mara
Dou Mara por Severina

Dou José em Erundina
Troco Erundina em José
Dou Jessé em Adriano
Troco Adriano em Jessé
Troco João em Agripino
Dou Mané em Severino
Severino em Mané

Troco Daniel em André
Dou André em Daniel
Troco Maciel em Macedo
Dou Macedo em Maciel
Sou um cantador fiel
Troco Rafael em Jorge
Dou Jorge em Rafael

Dou Mathias em Miguel
Troco Miguel em Mathias
Dou Malaquias em Pedro
Troco Pedro em Malaquias
Dou Dalila em Sansão
Zacarias em Salomão
Salomão em Zacarias

Troco Amadeu em Josias
Dou Josias em Amadeu
Troco Tadeu e Felipe
Dou Felipe em Tadeu
Troco Lázaro em Elias
Eliseu em Ananias
Ananias em Eliseu

O galo daqui sou eu
E você é a galinha
Galinha é sua mãe
Sua irmã sua madrinha
Cuidado cabra safado
Você é corno e viado
Sua irmã é mulher minha

Tome sua linha
Que você vai apanhar
Vou quebrar sua viola
E lá boto um azar
Deixo você atrapalhado
Para nunca mais aprumar

Vamos encerrar
Essa nossa cantoria
Deus pai está presente
Com sua sabedoria
Seu filho onipotente
É meu verdadeiro guia

Adeus até outro dia
Não quero lhe criticar
Desejo que viva bem
Riqueza em primeiro lugar
Amor, saúde e amizade
Com respeito e dignidade
Irmão quero lhe desejar

FIM

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